Impacto de um programa de treino neuromuscular no equilíbrio postural em jovens adultos ativos

  1. Carla Gonçalves, Carla Sofia Cerqueira Gonçalves
Dirixida por:
  1. José María Cancela Carral Director
  2. Pedro Bezerra Co-director

Universidade de defensa: Universidade de Vigo

Fecha de defensa: 23 de abril de 2021

Tribunal:
  1. Pedro Morouço Presidente/a
  2. Irimia Mollinedo Cardalda Secretaria
  3. Yung-Sheng Chen Vogal
Departamento:
  1. Didácticas especiais

Tipo: Tese

Resumo

O equilíbrio e controlo postural constituem a base para a execução do movimento humano, desde simples tarefas da vida diária a gestos desportivos mais técnicos e complexos. Exercícios envolvendo desafios de equilíbrio, agilidade e propriocetividade, parecem refletir melhorias no desempenho atlético, mas também parecem ser eficazes na redução de quedas, sendo recomendados como parte de programas abrangente de aptidão física e prevenção de quedas em idosos. No entanto, os benefícios desta prática na população mais jovem parecem não ser esclarecedores. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto de um programa de treino neuromuscular (superfície estável versus superfície instável), composto por exercícios de peso corporal, no equilíbrio postural (estático e dinâmico) em jovens adultos ativos. Concretamente, pretendemos (i) investigar a relação entre o equilíbrio estático e o equilíbrio dinâmico no controlo postural em jovens adultos ativos e verificar a influência do género, (ii) analisar o efeito de nove semanas de treino neuromuscular, em superfície estável versus superfície instável, no controlo do equilíbrio em jovens adultos ativos e (iii) analisar o efeito da aplicação de nove semanas de treino neuromuscular, no equilíbrio dinâmico em jovens adultos ativos; e avaliar as diferenças entre os grupos após treino. Foram recrutados setenta e sete estudantes universitários (48 rapazes e 29 raparigas), jovens-adultos fisicamente ativos, com média de idades de 19,1 ± 1,1 anos, altura de 170,2 ± 9,2 cm e de peso 64,1 ± 10,7 kg. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente, em grupo de controlo (GC, n = 38) e em dois grupos de treino (GTI, grupo de treino em superfície instável, n = 20; GTE, grupo de treino em superfície estável, n = 19). Foram avaliadas medidas antropométricas (altura, peso corporal, pregas cutâneas), medidas do equilíbrio estático (área de elipse-AE, deslocamento do COP ântero-posterior-DAP e médio-lateral-DML, deslocamento total do COP-DT, velocidade média ântero-posterior-VAP e médio-lateral-VML, velocidade média total-VT), em três condições (OASI: olhos abertos e superfície instável, OFSI: olhos fechados e superfície instável e DSVV: desafio do sistema visual-vestibular, em superfície instável) e o equilíbrio dinâmico (alcance máximo nas direções A-anterior, PM-posteromedial e PL-ponterolateral do Y Balance Test). O protocolo de treino consistiu em exercícios neuromusculares, utilizando como resistência o peso corporal. O treino foi realizado três vezes por semana ao longo de nove semanas. O grupo de treino em superfície instável (GTI) realizou o programa de treino numa plataforma instável com um lado de cúpula inflado e um lado plano de borracha dura (bosu). O grupo de treino em superfície estável (GTE) realizou o mesmo programa de treino em superfície instável, no solo. Ao grupo de controlo (GC) foi pedido que mantivesse as suas rotinas de treino. O coeficiente de correlação de Pearson foi executado para avaliar as magnitudes das correlações entre as medidas YBT (direções A, PM e PL) e as medidas de equilíbrio estático em cada condição (OASF, OFSI e DSVV). A ANOVA mista foi realizada para testar o fator dentro dos sujeitos (tempo: pré e pós-intervenção) e o fator entre os sujeitos (grupos: GTI, GTE e GC), para verificar a influência do programa de treino no equilíbrio estático e no equilíbrio dinâmico em jovens-adultos ativos. Os resultados revelaram diferenças entre sexos encontradas nas medidas do equilíbrio estático para todas as condições (OASI, OFSI, DSVV). O sexo feminino apresentou melhor índice de estabilidade do que o masculino no OASI (25% DAP, 20% DML, 30% VAP, 21% VML, 19% VT); OFSI (26% DAP, 32% DML, 28% VAP, 32% VML, 32% VT) e DSVV (27% AS, 26% DAP, 19% DML, 17% VAP, 20% VML, 18% VT). Os rapazes apresentaram 6% melhor desempenho do que as raparigas, no YBT PL O teste de correlação revelou correlações pequenas a moderadas entre equilíbrio estático e dinâmico, com exceção de uma grande correlação positiva entre YBT A e área de oscilação na condição DSVV [r = 0,54 (0,19; 0,77)] nas mulheres. Após a intervenção, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos. Todos os grupos apresentaram melhorias significativas nas medidas de equilíbrio nas condições OASI (p = 0,01), OFSI (p = 0,01; p = 0,02) e DSVV (p = 0,01). Os grupos de treino tenderam a ter um controlo de equilíbrio (ântero-posterior) significativamente melhor do que o GC em OASI. Na condição DSVV, o GTI tendeu a ter melhor controlo do equilíbrio do que o GC. Diferenças estatisticamente significativas foram encontradas para todas as medidas do YBT intra dos grupos (p = 0,01) e entre os grupos (p = 0,01). Após a intervenção, GTI e o GTE apresentaram resultados significativamente melhores em todas as medidas YBT (A: 7%, p = 0,01; 4%, p = 0,02, PM: 8%, p = 0,01; 5%, p = 0,01, PL: 8%, p = 0,01; 4%, p = 0,04, respetivamente). Não foram encontradas alterações estatísticas para nenhuma das medidas do GC. Após a intervenção, foram observadas diferenças significativas entre o GTI e o GC para o YBT A e PM (p = 0,03; p = 0,01). Os resultados indicam uma relação fraca entre o equilíbrio estático e dinâmico no controlo postural. De uma forma geral, o treino com recurso a superfície instável ou estável, parece ter o mesmo impacto na melhoria do controlo do equilíbrio estático e dinâmico, em jovens-adultos ativos. Ambos os grupos de treino, revelaram adaptações semelhantes.