Impacto de um programa de atividade física multivariado sobre o estado físico e mental no idoso, em função do tempo de exposição à prática

  1. Leite Monteiro Lima, Miguel Alberto
Dirixida por:
  1. José María Cancela Carral Director
  2. Pedro Bezerra Co-director

Universidade de defensa: Universidade de Vigo

Fecha de defensa: 28 de xuño de 2021

Tribunal:
  1. Rita Santos-Rocha Presidente/a
  2. Helena Vila Suárez Secretaria
  3. Carlos Filipe Barbosa Crasto Vogal
Departamento:
  1. Didácticas especiais

Tipo: Tese

Resumo

Esta dissertação teve como objetivo investigar o impacto de um programa de atividade física multivariado na capacidade funcional, equilíbrio dinâmico e qualidade de vida relacionada à saúde em idosos praticantes de uma atividade física regular, ao longo de 12 meses, incluindo 10-semanas de destreino. Além disso, procurou-se observar os efeitos e as diferenças entre os diferentes grupos etários no que respeita à capacidade funcional; os efeitos e as diferenças entre homens e mulheres no que respeita à capacidade funcional, equilíbrio dinâmico e estado de saúde, assim como, analisar a relação entre as medidas antropométricas, os parâmetros da capacidade funcional, do equilíbrio dinâmico e do estado de saúde. A amostra deste estudo foi composta por 1105 utentes do programa camarário de atividade física para a população idosa “Mais e Melhores Anos” de Vila Nova de Famalicão, dos quais 715 (64,7%) são do sexo feminino e 390 do sexo masculino, com média de idades de 71.07 ± 4.83 anos. A amostra foi estratificada por sexo, e por escalão etário – 65-69; 70-74;75-79 e 80-84 anos de idade. Os participantes foram caracterizados no início do estudo, como baseline, após 10-semanas de destreino, como fase de destreino, e um ano mais tarde, como fase de intervenção, segundo as medidas antropométricas (peso corporal e estatura), parâmetros da capacidade funcional, nomeadamente, força dos membros superiores (handgrip), força dos membros inferiores (levantar e sentar da cadeira durante 30 segundos – 30s-LSC) e capacidade cardiorrespiratória (seis minutos a andar – 6-MA), assim como equilíbrio dinâmico (TUG-timed up and go test) e o questionário relativo à perceção do estado de saúde (EQ-5D-5L). A análise estatística descritiva (média ± desvio padrão) foi utilizada para a caracterização dos participantes. As diferenças estatísticas entre os grupos foram realizadas usando uma análise de variância (ANOVA) seguida pelos testes post hoc de comparações múltiplas de Bonferroni. O coeficiente de correlação de Pearson (r) foi calculado para compreender a força da relação entre as variáveis. Todas as análises estatísticas foram realizadas usando estatísticas SPSS (versão 22; SPSS, Inc., Chicago, IL) para Windows com um nível de significância de 0,05.Após 10-semanas de destreino, foram encontradas melhorias significativas (p <.001) na força de preensão manual direita e esquerda, na força dos membros inferiores, na capacidade cardiorrespiratória, no estado de saúde, mas não no equilíbrio dinâmico (p>.05). Entre a baseline e fase de intervenção, após 12 meses, foram encontradas melhorias significativas (p <.001) na força de preensão manual direita e esquerda, na força dos membros inferiores, na capacidade cardiorrespiratória e no equilíbrio dinâmico, mas não no estado de saúde (p>.05). Os homens apresentaram um desempenho significativamente melhor (p <.001), na capacidade funcional, equilíbrio dinâmico e estado de saúde. Apesar de significativamente diferentes, homens e mulheres, demonstraram um desempenho semelhante para todas as variáveis, ao longo do tempo. De igual modo, para todos os testes da capacidade funcional realizados, os participantes mais velhos revelaram resultados mais baixos em relação aos participantes menos idosos. Apesar do declínio associado ao envelhecimento, foram encontradas melhorias significativas nas variáveis da capacidade funcional para todos os escalões etários, registando valores acima da baseline. Assim podemos concluir que um programa de atividade física multivariado, onde os participantes têm a opção de construir o seu próprio programa de exercícios físicos de acordo com a automotivação e disponibilidade ao longo de 12 meses, tem um impacto positivo na capacidade funcional e no equilíbrio dinâmico do idoso, mas pode não ter impacto na perceção do estado de saúde. Com base nos resultados, o presente estudo sugere que um programa de atividade física comunitária dirigida à população idosa previne o declínio funcional e fomenta estilos de vida ativos de modo a aumentar a sua autonomia e reduzir o risco de quedas. Palavras-chave: Idoso; Capacidade funcional; Equilíbrio dinâmico; Qualidade de vida; Exercício físico.